Conhecida por sua moda minimalista e suas peças ousadas e desconstruídas, a grife trocou os croquis pelos desenhos de ambientes pela terceira vez. Ela já remodelou o apartamento do arquiteto Jacques Carlu no Palais de Chaillot e projetou uma suíte no hotel-spa Les Sources de Caudalie, em Bordeaux. Dos 57 quartos e suítes do La Maison Champs-Elysées, 17 são haute-couture, assinados pela Maison Martin Margiela, assim como o lobby, o cigar room, o bar e o restaurante aberto para um terraço de madeira e um jardim particular – tudo no prédio histórico, datado da época de Napoleão III. O resultado é um universo poético que resgata a herança da instituição, dos tempos de Eiffel, Blériot, Peugeot, Michelin, Panhard e Boris Vian, mas confunde estilos e eras, com humor, ironia e ilusão. “Criamos um mundo dramático, em que realidade e fantasia parecem se fundir. O décor é como uma sucessão de cenários teatrais, em que referências são misturadas para criar uma atmosfera incomum, com o encontro harmonioso entre passado e presente”, declarou a Maison Martin Margiela.
Imagine um hall de entrada com piso de limestone e cabochons de mármore preto distribuídos aleatoriamente. De repente, veem-se superfícies espelhadas que refletem a imponente escadaria imperial guardada por águias douradas e o lounge branco, onde trilhos de spots iluminam os traços de velhas molduras pintadas, na verdade, sobre novas paredes, com móveis revestidos de puro algodão e mesinhas com espelho.
No restaurante, mesas e poltronas sobre pedestais de metal parecem flutuar, e há cadeiras Luís XV e XVI. O Antin Hall, corredor que dá acesso ao jardim e aos andares superiores, tem as paredes e o teto cobertos de placas de alumínio aplicadas à mão, piso de grandes azulejos de cerâmica prateados e iluminação de LEDs que vem de um lustre no formato de um diamante. Já no cigar room, madeira e couro compõem um visual que remete a charutos.